Júlio José- Gouache S/Papel, 24x32, assinado em 22/06/1989
Titulo: "Máscara de Zeus e Afrodite Vigiando Cupido que joga no parque"
Lembrar um amigo é sempre um acto de amizade, pelo afecto e convívio partilhado, por uma memória de cumplicidades, um percurso percorrido . Infelizmente o Júlio Gonçalves faleceu há já quatro anos, 16 de Maio 2004. Dotado dum admirável espírito de finura e humor contagiante, onde estava o Júlio, estava a alegria, a fraternidade, a fantasia, a boa disposição, a amizade. Distinto psiquiatra e pedopsiquiatra, era possuidor duma vasta cultura desde a antropologia à sociologia, da poesia ao teatro, da música às artes plásticas.
Contador de histórias intermináveis, era um rabulista nato cheio de imaginação, graça e humor, particularmente nos temas eróticos. Entusiasta por mil coisas, dispersou-se pela poesia, conto, teatro, pintura, declamação, rádio. concursos de televisão, pesca submarina, tubarões, antiguidades e coleccionismo de artes plásticas. Na pintura, assinava com o nome Júlio José ou Júlio Faial. Nunca fez uma exposição individual, pois dispersava-se e não sabia gerir bem o tempo. Chegava atrazado a tudo, inclusivé a provas públicas profissionais, mesmo ao lançamento do seu livro: "Cafés- Crónica em Torno da Pintura de Fernando Direito", Ed. Galeria 111. Amigo do seu amigo, apesar de muito individualista era solidário e batia-se por causas sociais. Em tempos de anti-fascismo animou grupos diversos, inclusivé uma escola na Curraleira. Apaixonado pela vida, rompeu convenções e lutou pela Liberdade.
Psicoarte, neste quarto ano de saudade, evoca a sua memória e presta-lhe homenagem: os amigos são para sempre e só morrem físicamente. Júlio Gonçalves vive em cada um dos amigos que deixou e de todos os que com ele conviveram.
Júlio Pêgo (in memorium 16 de Maio)