19 junho 2010

José Saramago

Faleceu ontem um grande português, um homem de cultura de projecção nacional e internacional, o nosso primeiro Nobel de Literatura: José Saramago. Personalidade de invulgar singularidade, nasceu em Azinhaga do Ribatejo (Golegã) em 16 Novembro 1922, marcado logo de início por ao seu nome José de Sousa , lhe terem acrescentado a alcunha do pai, Saramago. Só quando ingressou na instrução primária se deu conta do erro pejorativo cometido pelo notário do registo civil. Ao longo da sua vida caminhou sempre entregue a si próprio, na descoberta do mundo e das coisas, numa grande solidão na infância, entre a paisagem rural ribatejana, árvores, rios, rãs, porcos e aves mas, recebendo o calor e o afecto dos seus avós, analfabetos. Cresceu contra a cultura dominante do Estado Novo, mergulhando quase diariamente, nos tempos livres, na Biblioteca Central da Câmara de Lisboa (Palácio de Galveias), onde leu, absorveu e digeriu obras literárias de grandes romancistas. No seu percurso pessoal encontrou muita adversidade, lutando sempre, nunca desistindo e criando o seu próprio caminho. Homem dotado de uma grande resiliência, ao longo da sua vida tropeçou com grandes obstáculos, ingratidões e adversidades. Provavelmente, tornou-se ácido, impulsivo e muitas vezes intolerante, defesas criadas na necessidade de sobrevivência. Grande romancista, com larga pesquisa histórica, deixa-nos obras literárias de grande originalidade, estando traduzido em dezenas de idiomas. Prémio Nobel, deve a Dario Fo (Nobel antecessor), a sua propositura. Teve com ele uma amizade epistolar, nunca se tendo encontrado fisicamente um com o outro. Psicoarte, deixa aqui a sua homenagem, neste dia de perda dum cidadão do mundo.

1 comentário:

Anónimo disse...

um grande português que desaparece.